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Os x e os actos e algumas coisas de cortar os pulsos
Hoje li isto (há minutos). De um autor que não conheço, o Gonçalo Nuno, via facebook.
Uma (des)ilusão chamada empreendedorismo!
Hoje desapaixonei-me, dei mais um trambulhão, poucos dias após ter celebrado um ano que iniciei esta missão. Tenho tido o privilégio de fazer-me acompanhar por gigantes, como o Tiago Rodrigues, Isabel Esteves e Rui Garcia, mas também para eles é claro que todo este ecossistema não passa de uma ilusão. A paixão está cá, a determinação e o talento também, aquilo que falta são líderes com visão.
Nos últimos tempos temos assistido ao crescimento de uma bolha de enorme dimensão. Onde, no seu interior, políticos e homens de negócios ganham mais um ou outro milhão. Vemos ideias de negócio darem vida a empresas após participarem numa competição. Assistimos passivamente aos negócios que são criados em torno dessas empresas, num ambiente de expropriação, e vamos dizendo, que lá se vai mais um milhão.
Estou cansado destes políticos que habitam parques tecnológicos, farto de ser perseguido pelas finanças e segurança social, como se fosse um criminoso, de ter pesadelos com multas devido a algum esquecimento, ou qualquer outro atraso com uma obrigação fiscal.
Fora desta bolha a vida é muito dura. A paixão e o amor à Nação são diariamente colocados à prova. Á minha volta encontro vários empreendedores, que procuro apoiar dando-lhes motivação, partilho os meus contactos e a nossa ambição. No entanto, questino-me o porquê de ter que ficar calado a assistir à emigração de tantos jovens portugueses, que tanta falta fazem ao País, ao mesmo tempo que aqueles que a paixão por ficar falou mais alto, e que tentam empreender e tomar o controlo das suas vidas, sejam vitimas deste meio envolvente prejudicial, e sistema fiscal punitivo e castrador.
Porque a nossa missão é desenvolver um novo ecossistema empreendedor independente em Portugal, vários milhares de empresários e eu, que não têm na sua maioria mais de 20 e poucos anos, estamos a fazer tudo para mudar esta situação
Há uns meses, tinha lido isto. De um autor que conheço bem, com quem tive oportunidade de falar sobre o tema, o Daniel Deusdado, via Jornal de Notícias.
As Finanças / As SS nazis
1 A história da falência da Throttleman e Red Oak, duas marcas de vestuário português que fecharam as lojas na semana passada, é o melhor exemplo de como, por debaixo da demagogia sobre o Portugal de sucesso, a vida prossegue, inexorável, a matar a pequena e média economia portuguesa. Esta história é tão irreal (e não é a única) que até dá vontade de fugir do país.
Antes de mais: a Throttleman foi criada em 1991 por três gestores (Pedro Pinheiro, Eduardo Barros e Nuno Gonçalves) acabados de sair da faculdade. O profeta do cavaquismo industrial, Mira Amaral, pedia, e bem, marcas próprias e redes de lojas nacionais, sobretudo em setores como o do vestuário onde vendíamos esmagadoramente para subcontratação. Quem ousasse devia até internacionalizar.
A Throttleman fez isso mesmo: lojas nos shoppings ao lado das grandes Zaras, Benettons ou Lacoste. Vendia camisas portuguesas e outro vestuário a preço médio-alto. Chegou a dar emprego a quase 750 pessoas. E chegou a abrir lojas nos Emirados Árabes Unidos e em Angola - em resumo, fez o que está escrito nos livros de gestão. Só que a derrocada de 15 de setembro de 2008, nos Estados Unidos, provocou o brutal arrefecimento do consumo mas não o da conta mensal de quem tinha investimentos a pagar. Uma média de 12 milhões de vendas anuais revelavam-se insuficientes.
Os 23 milhões de euros de passivo acumulado pela Throttleman e Red Oak levaram então a que, em novembro de 2012, ambas avançassem para o "Processo Especial de Revitalização", um mecanismo criado pelo Estado para ajudar empresas em dificuldades. Viáveis ou não? Os credores decidiriam. E neste caso as coisas correram de forma extraordinária: em apenas 76 dias conseguiu-se um acordo com cerca de 80% de créditos, incluindo a Segurança Social. Quem faltou? Praticamente apenas o Ministério das Finanças, ainda por cima credor privilegiado.
Aceite pelo tribunal o Plano de Recuperação, vida nova? Errado. As Finanças interpõem um recurso judicial que impediu a recuperação de arrancar. Há um ano. Apesar das Finanças e da Segurança Social terem assegurado o ressarcimento de 100% da dívida em 150 prestações, acrescidas de juros a uma média de 6,25%, as Finanças não aceitaram que os juros antigos e as coimas fossem perdoados em 80%. Uma gota no conjunto de todo o processo. (Note-se que, entretanto, as Finanças perdoaram 100% dos juros e 90% das coimas, em dezembro último, a quem pagou impostos em atraso por razões tão absurdas como fugas para off-shores, etc...).
A Throttleman andou 12 meses a lutar com as Finanças em recursos judiciais e depois o processo encalhou no Tribunal Constitucional. Entretanto, a gestão tornou-se impossível. Há dias anunciou o pedido de insolvência. Tinha 200 trabalhadores. As Finanças (e todos os outros) vão agora receber zero ou pouco mais.
2. Quando leio as notícias sobre o aumento da arrecadação fiscal, mês após mês, penso em casos como este e temo o pior. As Finanças estão a usar expedientes claramente selvagens para conseguir tirar o pouco que resta à economia. Penhoram tudo a toda a gente - até por pequenas multas. Sabem que os tribunais não funcionam e são inúteis como recurso dos contribuintes.
Uma empresa que recorra judicialmente contra o Fisco fica registada como incumpridora se não pagar à cabeça e é inibida de direitos básicos (ex: estágios profissionais apoiados). Passa a ter o seu nome publicado na lista "negra" dos devedores. Todos os meios valem. O novo sistema de fornecimento de informação - SAFT - obriga as empresas a porem nas mãos do Estado 100% da sua vida - clientes, preços, prazos, pagamentos.
As Finanças são um Estado prepotente (sem aspas nem metáforas), amoral, dentro de um país que tenta sobreviver à sistemática e brutal cobrança e aumento de impostos. Ainda vamos brevemente descobrir que boa parte do sucesso das exportações inclui também uma coisa óbvia: as mercadorias vão mas o lucro não volta. O Fisco está enganado se pensa que mete os empresários em campos de concentração fiscais (onde estão os trabalhadores por conta de outrem e pensionistas). O inimigo é comum - o Fisco. A ordem é "fugir". O ódio ao Estado é total. Lutar contra a carga fiscal é como militar na Resistência.
Hoje, o Ricardo Salgado, o banqueiro, o DDT, o espírito santo, o pai, sogro, tio, padrinho de um país que se lhe vergou durante décadas, foi detido por alegada fraude fiscal e branqueamento de capitais. Pagou três milhões de fiança. Na televisão vejo rostos bem conhecidos que privaram anos a fio com ele e a sua corte, que reverenciaram o 'sôtor', que se babaram por receberem convites assinados pelo próprio, a proclamarem a moral e os bons costumes e a acenarem com a bandeira do 'eu já sabia'.
Tenham dó. Tenham decência. Há um país lá fora a tentar fazer-qualquer-coisa-com-isto.
Não vai ser possível enquanto formos o país dos grandes poderes e das pequenas cobardias.
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