Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

X-Acto

Os x e os actos e algumas coisas de cortar os pulsos


Quinta-feira, 10.04.14

Aos encontrões com a vida

Não sei muito bem como materializar em palavras algumas emoções dos últimos dias. Não sei se emoções é sequer a melhor forma de designar o que me tem passado pelos olhos, pela cabeça e muito pelo coração.

Nos últimos dias, várias histórias de pessoas que conheço e gosto vieram de encontrão ter comigo. Pessoas boas, pessoas que têm feito coisas boas, e que estão em profundo sofrimento. Neste mesmo intervalo de dias, por razões que hoje não consigo escalpelizar, eu própria me tenho dado valentes encontrões, por desilusão com terceiros, por esperas longas demais, por equações que não se resolvem e que já deviam ter um resultado certo.

É certamente uma casualidade.

Mas o que senti nestes dias foi uma espécie de mal de vida onde devia estar bem. Um mal que começa demasiadas vezes porque algumas empresas estão ou são sítios pouco recomendáveis, porque as pessoas nessas empresas ou baixam os braços ou se tornam pouco recomendáveis (e sim, acredito que há uma terceira via nisto tudo) e porque a subjugação económica em prol da renda, da escola, da conta de electricidade e do supermercado rapidamente galopa para um sentimento de perda, de dignidade esventrada, de não retorno.

 

A par com tudo isso, há ali um mundo ao lado. De pessoas que se dão bem, que se vestem bem, que estão impecavelmente cuidadas, que falam sem nunca perder controlo. Que não engordam porque fat is the new looser (sério, vocês já repararam como a magreza se tornou símbolo de sucesso? com honrosas excepções, em que 'fat' é simplesmente uma questão de estilo). Recordo-me de um comentário de um gestor, daqueles cheios de medalhas e taças, que dizia o seguinte sobre a forma física: 'se não controlas o teu corpo, como queres controlar o resto?'. A magreza é muito mais que um tema de moda, beleza, saúde - é um sinal exterior de poder.

 

Não consegui ainda processar estas coisas todas. Estou demasiado preocupada com as histórias de pessoas que gosto e que estão aos encontrões com a vida, demasiado triste por me sentir impotente e demasiado irritada para me conformar.

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por sparks às 01:00

Domingo, 23.03.14

Pessoas que vivem como quem joga bilhar

Há cerca de duas semanas, e depois de tanto, mas tanto, buzz, comecei finalmente a ver House of Cards, a aclamada série produzida pelo Netflix. Hoje estou menos interessada em modelos de negócio e nos paradigmas da indústria e realmente muito interessada na história.

House of Cards é sobre a política na capital mais poderosa do mundo, Washington. House of Cards é sobre poder. House of Cards é sobre os limites do que é mau, imoral, indecente. House of Cards é, frequentemente, sobre o facto de que não há limites. House of Cards é sobre as vidas em determinados circuitos em que quanto pior, melhor.

 

Uma das experiências mais curiosas que esta série me está a trazer é o confronto entre a forma como eu a vejo e a forma como o meu filho de 17 anos a vê. O meu filho, cúmplice de muitas das minhas decisões profissionais (das mais importantes, diria), o meu filho que gosta de política e de economia, como eu, o meu filho que é das pessoas com melhor coração e cabeça que alguma vez conheci (sim, sou mãe dele. mas é).

O meu filho tem simpatia por Frank, ou Francis, Underwood. Sabe que o protagonista de House of Cards é um personagem terrível e temível, em alguns episódios diz mesmo que foi um 'fritanço', mas, no fim do dia, eu sei, torce por ele.

Isto só é possível porque, para o meu filho, contrariamente ao que se passa comigo, Francis Underwood nunca deixa de ser um personagem, uma ficção. Isso protege-o de outros pensamentos, de outras angústias. Como mãe, penso que ainda bem.

 

Eu não consigo ter essa liberdade. A de gostar desse personagem magnífico, interpretado pelo magnífico Kevin Spacey. Eu nunca deixo de ver a realidade além da ficção e, por isso, quase tão proporcional ao ritmo voraz com que estou a consumir a série, está a minha insatisfação no fim de cada episódio. Não é com a ficção ou com a qualidade da série. Não podia ser. A série está muito bem feita, Kevin Spacey e Robin Wright, mas não só, estão soberbos, as pontes com os temas da política internacional, da política, dos negócios, da vida das pessoas 'normais' no teatro da política e dos negócios, estão lá todos.

O meu problema é já ter conhecido, em carne e osso, outros Francis Underwood, bem como várias outras personagens do séquito que povoa House of Cards. O meu problema é saber que são reais e que, no mundo cá fora, das pessoas 'normais', continuamos a achar que são ficção, exagero, liberdade criativa. Ninguém é assim tão manipulador, pois não? Ninguém está disposto a sacrificar vidas em prol do seu corredor de poder, pois não? Ninguém mente com a convicção com que a nossa mãe diz que nos ama, pois não? Ninguém vive a jogar bilhar a todas as horas, construindo triangulações improváveis que a maior parte de nós nunca vislumbraria. Ninguém faz isso. Pois não?

 

Os circuitos de poder premeiam cada vez mais esse mérito dos homens e mulheres para quem os fins justificam todo e qualquer meio. São espertos, são rápidos, são agressivos, são ambiciosos e greed is good. Depois, por inerência, premeiam igualmente os que lhe são fiéis, os que capitulam mediante as devidas contrapartidas, os que acenam com ar entendido de quem percebe toda a jogada. E, por oposição, desdenham nos que desistem, nos que denunciam (invejosos, loosers ou outra espécie qualquer ...) e naqueles que simplesmente não aparecem (se nada fizeste, nada poderás dizer).

Curiosamente, estou a ler em paralelo um livro do Moisés Naim intitulado 'O fim do poder'. É um livro sobre a efemeridade do poder e ansiedade daqueles que o detém por serem hoje mais escrutinados que nunca e pelo seu tempo de mandar ser mais curto que nunca.

Não deixa de ter piada que o terror ao poder e o terror do poder convivam no mesmo tempo, o nosso tempo.

É por tudo isto que vou continuar a ver House of Cards e é por tudo isto que vou acabar cada episódio maldisposta. É uma espécie de masoquismo. Talvez me ajude, mesmo que não veja bem como, a aceitar aquilo que não posso mudar.Citando Frank Underwood, num dos momentos cruciais da série: 'One heartbeat away from the presidency and not a single vote cast in my name. Democracy is so overrated'. Talvez simplesmente todo o poder esteja sobrestimado. Ah, e claro, também continuarei a ver House of Cards por causa do Kevin Spacey e da Robin Wright. Definitivamente, eles não estão 'overrated'.

 

Até breve

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por sparks às 19:13

Domingo, 11.08.13

Livros e vaginas. Isso. Livros e vaginas.

 

Mamas, rabos e sexo em geral. São sucesso garantido 'na internet'. Quem trabalha profissionalmente nesse hemisfério - o do 'online' - sabe bem o que isso significa (por profissionalmente, quero também dizer que me refiro a pessoas que seguem regras, valores, padrões e que não estão na terra do vale tudo). Ora, na 'internet', sites, blogs, páginas de facebook, contas de flickr, instagram, tweets, you name it, todos sabem ou aprendem rápido que algumas partes das morfologia humana são particularmente eficazes na caça ao clique (1). E na tera do 'vale tudo', desesperados (por atenção) e oportunistas lá fazem este caminho.

 

E vem toda esta conversa porque hoje o melhor título para o texto que estou a escrever tem a palavra 'vagina'. Vagina é uma palavra muito curiosa, sobretudo pelo seu carácter intimidatório para homens e mulheres. Muito mais que mamas (nada intimidatório) e pénis (idem). E vem isto a propósito de duas conversas que tive esta semana com duas mulheres, cada uma extradordinária ao seu jeito, e que me levam a escrever sobre um tema tão de salão como os livros e e tão intímo como vaginas. Encontrar duas interlocutoras capazes de falar, uma delas, de um tema de salão com a intimidade de quem tem verdadeira paixão pelo que faz (livros), e outra delas, de um tema íntimo com a naturalidade e simplicidade de uma conversa de salão (as mulheres e as suas vaginas) é obra. Melhor ainda quando, sendo conversas distintas, percebo mais tarde que ao falar de livros falámos de motivos íntimos e ao falar das 'coisas 'intimas' percebemos que merecia um livro. Uma coincidência que só deu mais sal a essa tarde.

 

1ª conversa: Com uma editora que não precisa de salão para ser seguramente um dos nomes por onde vai passar o futuro da edição de livros em Portugal. Uma conversa sobre poder, influência, ética. Sobre o poder e o risco como território moderno do homem das cavernas (que sai para ir à caça e assim domina e sustenta a tribo e a família). Sobre o poder e o dinheiro, o dinheiro e o sucesso, o sucesso e a necessidade de reconhecimento. O medo, a (má) relação com a autoridade e com o sucesso dos outros. A incapacidade de distinguir entre pessoas bem sucedidas, pessoas 'bem nascidas' e pessoas simplesmente conhecidas. A vertigem dos likes, dos shares, as redes sociais como novo palco de julgamento do êxito/fracasso de uma vida, uma ideia, uma iniciativa, uma mera frase.

Os livros que foram escritos sobre tudo isto e os livros que fazem falta escrever.

'O' livro.

 

2ª conversa: Com uma fisioterapeuta, 'a fisioterapeuta' que já tomou (boa) conta de várias gerações de mães em Portugal (incluindo a minha), dotada de uma capacidade extraordinária para tornar simples o que parece difícil e falar do vulgar sem qualquer sombra de vulgaridade. Uma conversa sobre coisas de que não se fala, perguntas que não se fazem, mistérios da vida íntima. Sobre pudor, sobre vergonha e as paredes da normalidade. 'Como é que faz xixi? Como é que faz cocó? Quando tem sexo doi-lhe a vagina? Onde? Ai doutora, não pergunte essas coisas, eu sei lá'. E eu a imaginar no relato de quem me conta, a sala da Maternidade Alfredo da Costa repleta de mães, avós, grávidas de primeira viagem, mulheres de idades, estilos de vida, origens tão diferentes, todas elas ali sentadas numa sessão para que perdessem o medo de falar ... da vagina. Ou, como alguém lhe tinha chamado 'a testa da boca do mundo', uma das muitas designações que esta fisioterapeuta ouviu em quase 20 anos de trabalho diário com mulheres e para melhorar a vida das mulheres.

 

O melhor de tudo isto? Saber que vou ter o privilégio de trabalhar com estas duas mulheres. Estou feliz por isso.

 

(1) Uma boa nota é o trabalho desenvolvido diariamente por alguns jornalistas, técnicos, designers e equipas que trabalham o meio 'web'. A pressão de resultados rápidos que toda a indústria de media sente poderia fazer supor que a discussão ética, humana ou simplesmente de bom senso estaria em extinção. Não está e tenho o privilégio de trabalhar num desses sítios com algumas dessas pessoas.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por sparks às 14:10

Sábado, 20.07.13

"Adoro trabalhar com pessoas inteligentes"

Há temas que se atravessam no nosso caminho como aquelas músicas que não nos saem da cabeça. Esta semana, por várias razões, fui esbarrando com um destes casos. Em conversas, em decisões, em textos que li e até pelo facto de me ter cruzado, tardiamente, eu sei, mas ainda muito a tempo, com a ópera de Wagner, Die Meistersinger von Nürnberg(*).
Tem a ver com decisões estúpidas e não fundamentadas e a obediência cega a essas decisões. Tem a ver com a relação que os diferentes povos têm com a autoridade e com o poder - a nossa, a dos portugueses, não é especialmente boa (ou talvez deva dizer é especialmente boa), mas já volto a este ponto. Muitas das decisões estúpidas são tomadas pelos 'decisores' como se convenciona dizer. O tipo que manda, que tem a patente mais alta. Mas são executadas pelas chefias intermédias, os gestores que foram escolhidos para estar na linha da frente da execução. Nas empresas portuguesas, muitos destes gestores, senão a maioria, são hoje licenciados em Economia, Gestão, Engenharia, por aí fora, têm MBAs, alguns fizeram formação em escolas internacionais. Foram preparados para liderar. Supostamente.

 

Então por que razão alguns destes gestores mais se assemelham a cães amestrados? ou pior, nos casos mais radicais, àqueles cães que eram colocados na parte de trás do carro e que abanavam a cabeça de forma sincopada ao longo das viagens no carro do dono. Porque razão pessoas instruídas, que certamente tiveram algum professor extraordinário, que certamente leram, nem que por obrigação, algum livro revolucionário, que certamente participaram e participam em foruns onde gente expressa ideias novas, desafiantes, por vezes loucas, porque razão estas pessoas escolhem deliberadamente apenas obedecer, apenas executar?

 

Responder a esta pergunta sem ser de forma populista - 'querem é subir' ou 'é só graxa ao chefe' ou ainda 'são todos uns cagufas' - não é tarefa fácil. Mas, na realidade, é a única forma que me interessa, a outra pode ficar para as conversas de café.

 

Começando pelas empresas portuguesas, nomeadamente as maiores que pelo nível de amostragem constituem retratos do país que somos. O tema do mérito tem menos de 10 anos. E 10 anos não é nada. Depois houve algum azar nos timings, porque começou a falar-se de mérito mais ou menos ao mesmo tempo que a febre da gestão atacava todo o jovem universitário. E o jovem universitário da primeira década de 2000 já tinha pouco a ver com o gestor dos anos de ouro da década de 90. Mas, em tempos diferentes, queria repetir a história, subir rápido, ganhar muito, ser conhecido. Por isso, entraram aos molhos nas empresas, deslumbrados por se cruzarem nos elevadores com rostos que tinham visto na tv. Rostos de gestores 'geniais', os gestores dos grandes negócios (muitas vezes dos grandes monopólios) dos anos 90. Quando chegavam às empresas, geralmente nessa nova categoria de trainees, logo percebiam que o sucesso não estava logo ali ao virar da esquina, a chave do carro da empresa ia ser suada. Mas tinham uma meta. E a meta chamava-se ter sucesso e ter sucesso, na maior parte dos casos, significava e ainda significa ser chefe.

 

O que fazer para lá chegar? Passados os primeiros entusiasmos e até alguns rasgos rapidamente corrigidos, cedo perceberam que 'o caminho da liderança' seria tanto mais curto quanto menos opinassem e mais executassem. Certas regras tornaram-se espantosamente claras: em certas grandes empresas, com um MBA e o certo grau de amestramento, só precisas que os anos passem para chegares a algum sítio. Note-se: não a qualquer sítio. Mas tal como um cão recebe um biscoito quando executa na perfeição o exercício de nos trazer o jornal, é certo que há um prémio para quem executa na perfeição as ordens que lhe são dadas. Executar ordens de forma inexcedível tornou-se, em muitos casos, sinónimo de mérito. E aqui é de começar a ter medo.

 

Chegados aqui,poderão alguns pensar que esta é a defesa dos gestores rebeldes, em permanente desconcerto com as cúpulas, em estado de permanente insatisfação. Não é o caso.

Mas não conheço verdadeira inovação, verdadeira disrupção que não tenha na sua essência alguma insatisfação e contestação. Não me recordo de avanços, progressos reais, sem discussões apaixonadas, teses opostas, pessoas com ideias. Claro que tudo isto convive paredes meias com a disciplina e o rigor que são necessários para colocar grandes grupos de pessoas a trabalhar na mesma direcção. O que se discute aqui não é a marcha, mas o plano.

 

Procurando um pouco mais fundo, chegamos a um tema maior, o da relação dos portugueses com a autoridade e com o poder. Aprendo sempre muito a ler Malcolm Gladwell, mas uma das histórias que mais me impressionou nos seus livros, provavelmente relacionada com o meu medo de voar, tinha precisamente a ver com a forma como a nossa identidade cultural se manifesta na nossa relação com o poder e autoridade. Para evidenciar esta relação, Gladwell escolheu vários episódios da indústria da aviação, incluindo acidentes sérios, alguns fatais. O que tinham em comum? Erros humanos protagonizados por pessoas cuja relação com a autoridade as inibiu de tomarem decisões diferentes das que lhes foram ditadas. Num destes exemplo, um acidente fatal no aeroporto JFK, o piloto de uma companhia colombiana sobrevoou durante mais de uma hora a pista de aterragem, gastando o pouco combustível que lhe restava, porque foi incapaz de contrariar a voz de comando da torre de controlo que lhe indicava que ainda não tinha autorização para aterrar. O avisão despenhou-se. Teria bastado um 'não vou cumprir essa instrução , estou sem combustível e preciso de aterrar já'. 

 

Mais uma vez, imagino os cépticos. Que grande treta, dizer que é um problema de relação com a autoridade. A esses recomendo o livro de Gladwell e as citações integrais das conversas mantidas gravadas na caixa negra do avião. Depois disso, um pequeno exercício: quantas ordens erradas, prejudiciais à empresa ou mesmo completamente disparatadas já executaram sem pensar apenas porque era uma ordem?

 

Mais uma vez, poderíamos voltar à conversa de café e dizer simplesmente que os gestores intermédios têm vidas patrocinadas, são um investimento em si próprios e como tal basta o cinismo para interpretar as suas (não) decisões. Pode bastar, mas se queremos mudar o país, temos de mudar estas chefias intermédias e com alguma probabilidade esta é uma mudança com mais impacto do que simplesmente mudar os 'grandes chefes'. É neste meio campo que se jogam a maior parte das decisões do país e sob esta liderança que se encontram a maioria das pessoas que trabalham em Portugal. Se conseguirmos que estas lideranças, liderem, em vez de apenas executarem, teremos, no global, um país mais crítico, mais exigente e mais capaz. E talvez aí possamos a começar a elevar a fasquia e a mudar os grandes e os pequenos poderes. 

 

Para terminar, apenas uma espécie de confidência: temam sempre uma conversa de recrutamento para 'chefe' em que vos digam"adoro trabalhar com pessoas inteligentes". Até as coisas mudarem, é muito provável que para a frase ficar completa falte o resto: "don't play no game i can't win". 

 

 

 (*) Die Meistersinger. Uma história que se conta num triângulo formado pela guilda dos Mestres Cantores, que simboliza a rigidez das regras, por Walther, o génio que simboliza o caos criativo, e por Hans Sachs, o sapateiro e herói do bom senso, esse caminho sempre novo e sempre difícil entre o que está instituído e o que precisamos e devemos questionar. 

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por sparks às 23:22


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Mensagens

calendário

Dezembro 2015

D S T Q Q S S
12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031

Posts mais comentados